—Hoy voy a hacer que grites mi nombre —le dijo el vaquero a la maestra, y casi se desmaya. Pero ¿qué…?

—Hoy voy a hacer que grites mi nombre —le dijo el vaquero a la maestra, y casi se desmaya. Pero ¿qué…?

“Agora Você é Minha Casa”

O sol do fim da tarde brilhava intenso, tingindo de dourado o terreiro de terra batida. Joel, o peão do sítio vizinho, estava parado na varanda, a camisa aberta e o peito suado refletindo a luz. Marta, a professora séria e reservada da escola municipal, observava-o de relance enquanto tentava manter o foco em qualquer coisa que não fosse aquele homem. Mas era inútil. Havia algo nele que a puxava, um magnetismo bruto que ela não sabia explicar, mas que sentia em cada fibra do corpo.

.

.

.

Joel carregava nos ombros a força de quem passava os dias sob o sol, consertando cercas, domando cavalos e enfrentando a dureza da vida no campo. Ele era simples, de poucas palavras, mas seu olhar dizia muito mais do que qualquer conversa. E, naquele momento, enquanto o vento arrastava poeira pelo quintal, Joel decidiu que não fingiria mais.

 

— Hoje vou te fazer gritar o meu nome — disse ele, a voz rouca e carregada de uma intensidade que fez Marta congelar.

Ela sentiu o coração disparar, como se tivesse sido pega em flagrante por um desejo que vinha tentando esconder há semanas. Desde o primeiro dia em que o viu montado no cavalo, com o chapéu de palha e o corpo firme, algo dentro dela começou a mudar. Mas ela era Marta, a viúva de 42 anos, a mulher respeitada na cidade, a professora que todos admiravam. Não havia espaço para devaneios, muito menos para sentir o que sentia por Joel.

— Você ficou maluco? — conseguiu dizer, com a voz trêmula, tentando esconder o turbilhão que se passava dentro dela.

— Fiquei faz tempo, Marta — respondeu ele, dando um passo à frente. — Desde o dia em que você apareceu na venda com aquele vestido azul.

Marta sentiu o rosto queimar. A lembrança daquele dia veio como um golpe. Ela não sabia que ele havia reparado, mas agora percebia que os olhares longos que trocavam eram apenas o começo de algo que nenhum dos dois podia mais evitar.

— Joel, por favor… — sussurrou, tentando manter a compostura.

— Por favor, o quê? — Ele riu, um riso baixo, carregado de cansaço e desejo. — Você acha que eu escolhi sentir isso?

Marta recuou até encostar na parede de madeira da casa. O cheiro de madeira quente misturava-se ao suor dele, e o calor do fim da tarde parecia ferver dentro dela. Joel deu mais um passo, e agora estava tão perto que ela podia sentir o calor do corpo dele.

— Você devia ir embora — disse ela, a voz quase inaudível.

— Se eu for agora, não volto mais — respondeu ele, com uma firmeza que fez o coração dela parar por um segundo.

Aquelas palavras ficaram suspensas no ar, pesadas como uma decisão que ela sabia que precisava tomar. Marta fechou os olhos, sentindo as lágrimas acumularem. Havia uma vida inteira de medo, culpa e solidão guardada dentro dela. Desde a morte do marido, ela se convencera de que o amor não era mais para ela, que sua vida estava destinada a ser solitária e previsível. Mas Joel estava ali, desafiando tudo o que ela acreditava, bagunçando o mundo que ela havia construído para si mesma.

— Agora já bagunçou — disse ela, finalmente, com um sorriso tímido que escapou antes que pudesse evitar.

Joel riu, aliviado, como quem esperava por aquilo há muito tempo. Ele deu mais um passo, e o chão de madeira rangeu sob o peso dele. Marta não recuou.

— Eu não sei o que vai ser da gente, Marta — disse ele, a voz suave, mas carregada de emoção. — Mas eu sei o que eu quero agora.

— E o que você quer? — perguntou ela, com o coração na garganta.

— Você.

As palavras saíram lentas, firmes, sem espaço para dúvidas. Marta sentiu o corpo tremer, como se o chão tivesse sumido debaixo de seus pés. O sol já havia desaparecido atrás do morro, e a lamparina pendurada na varanda lançava uma luz amarelada sobre os dois. Joel estendeu a mão, hesitante, esperando que ela recusasse. Mas ela não recusou.

Quando os dedos dele tocaram os dela, o tempo pareceu parar. Não havia mais certo ou errado, apenas o alívio de uma entrega que o corpo reconhecia antes da mente. Joel se aproximou devagar, e o beijo veio como um sussurro, quente, contido, cheio de uma saudade que nem sabiam que tinham. Marta sentiu o chão sumir por um instante. Era como voltar a ser viva depois de anos dormindo.

Quando se afastaram, ela apoiou a testa no peito dele, ofegante.

— Você é um problema, Joel.

— Então me deixa ser o seu problema.

Ela riu, um riso leve e sincero, como há muito tempo não fazia. Do lado de fora, o vento balançava as folhas secas, e a noite chegava devagar. Joel ficou ali, segurando-a pelos ombros, o rosto próximo ao dela.

— Eu pensei em você todo dia, desde a primeira vez que te vi — confessou ele, a voz baixa e rouca.

— E o que é que você pensava? — perguntou Marta, quase num sussurro.

— Que se um dia eu encostasse em você, não ia querer soltar nunca mais.

Marta sentiu o coração bater mais rápido. As palavras dele eram como o próprio chão da roça: firmes, quentes, cheias de verdade.

— E se alguém vir? — perguntou ela, com medo visível nos olhos.

— E que veja. Eu não tenho vergonha de sentir o que sinto.

Ela encostou o rosto no peito dele, sentindo o som do coração dele, forte e ritmado.

— O povo fala.

— Deixa falar. Eles não dormem na tua cama, nem acordam com tua solidão.

As palavras dele atravessaram o ar como uma faca. Marta ficou em silêncio, ouvindo o som do coração dele, que parecia acalmá-la. Joel passou a mão devagar pelos cabelos dela, desfazendo o coque que ela sempre usava. As mechas caíram sobre os ombros, e a lamparina os envolvia numa luz quase dourada.

— Você é bonita demais para continuar fingindo que não sente nada — disse ele, com um tom de voz que era mais uma súplica do que uma afirmação.

Marta ergueu o olhar, e havia lágrimas nos olhos.

— Eu tenho medo.

— Eu também. Mas o medo não manda mais em mim.

O vento entrou pela porta, trazendo o cheiro de terra molhada. Parecia que ia chover. Joel olhou para ela, os olhos escuros refletindo a chama da lamparina.

— Me diz para ir embora, e eu vou.

Ela demorou a responder. O silêncio entre os dois era espesso, pesado, cheio de tudo o que não podiam dizer.

— Fica.

A palavra saiu num fio de voz, mas era o suficiente. Joel encostou a testa na dela, e ficaram assim, respirando juntos, enquanto o mundo lá fora se apagava.

Ele a puxou devagar, o corpo dela se encaixando no dele como se já se conhecessem há vidas. O toque era firme, mas cheio de cuidado. Cada gesto parecia um pedido de permissão silencioso. Marta fechou os olhos e deixou-se ficar.

Um Novo Começo

Os meses seguintes foram uma mistura de calmaria e pequenas tempestades. A cidade cochichava, mas Joel continuava aparecendo no portão todas as manhãs, trazendo leite fresco ou pão quente. Marta, que sempre fora discreta, agora sorria mais.

Quando finalmente decidiram se casar, foi debaixo da árvore no terreiro, com os vizinhos mais próximos como testemunhas. Não houve padre nem vestido branco, apenas eles dois, o violão de Joel e o cheiro de café fresco.

— Agora você é minha casa, Marta — disse ele, segurando-a firme.

— E você é o meu descanso — respondeu ela, encostando o rosto no peito dele.

E assim, enquanto o vento balançava as folhas e o céu se enchia de estrelas, Marta e Joel encontraram a paz que tanto buscaram. Porque, às vezes, o amor não precisa ser gritado. Basta existir.

Related Posts

Our Privacy policy

https://rb.goc5.com - © 2025 News